O projecto qxt.pt tem como fonte de inspiração um marco na história da literatura: O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. O romance de cavalaria que destronou os seus predecessores narra a história de um velho fidalgo chamado Alonso Quixano, que, por queimar as pestanas a ler romances de cavalaria, acaba por substituir a realidade pela imaginação da cavalaria andante.
qxt.pt desdobra-se em duas partes: uma física, no espaço POGO, onde se poderão ver algumas obras produzidas a partir de episódios do D. Quixote. Outra online, na plataforma qxt.pt. A partir do conforto das nossas casas, no computador ou no smartphone, podemos percorrer um mapa livremente, à maneira de D. Quixote, e enfrascar-nos nos conteúdos que por lá encontrarmos, até que se nos queime o juízo e partamos em busca da nossa própria imortalidade.







FASE II

Exercícios entre as linhas



         Sem a finalidade específica de uma exposição, porém implicando actividades de natureza artística, durante anos, Beuys reuniu participantes em conversas públicas. Em estes designados “processos paralelos”, discutiam-se textos de domínios diversos do conhecimento e problematizava-se o mundo e os modelos sociais. Em simultâneo, enquanto sinais num processo de emergência do seu potencial de significação, as suas acções e instalações procuravam mediar um movimento fenomenológico além do retiniano. Integrado na obra ao manifestar ideias, o observador descobria na forma, por intuição e imaginação, relações entre arte e princípios fundamentais do homem e da vida.
         No projecto QXT.PT, pode discernir-se parcelas destes processos, não obstante reconfigurados em outras combinações do pensamento e da criação.
         Numa primeira instância, QXT.PT nasce de Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, e de um fórum de reflexão sobre a sátira à sociedade da época sob o manto dos sonhos e ilusões do protagonista. De entre as linhas que Cervantes emaranha, desponta a ideia de quarto enquanto origem e destino das aventuras odisseicas do cavaleiro andante. Seria a sua Ítaca, não fora o juízo perdido pelo herói desventurado – o qual, quem sabe?, terá talvez nunca a abandonado rumo aos seus gigantes e à sua sereia para, depois, a ela regressar. O quarto de Dom Quixote é tanto casulo, berço do qual aflora o audaz, tanto quanto cripta, túmulo no qual afunda o louco. A proeminência que este espaço do protagonista ocupa nas linhas de toda a narrativa instrumentaliza o pensamento sobre temas como lucidez e delírio, anseio e prostração, zelo e desapego, comunhão e solidão, operando antagonismos que dissolvem as próprias referências de espaço e tempo. Enquanto fronteira onde tudo é imaginado e desmascarado, espaço da indeterminação entre realidade e ficção, tangível e virtual, público e privado, o quarto – o de Dom Quixote como o de qualquer um outro –, refúgio para todas as liberdades e segredos, altar e destroço da relação do eu consigo próprio e com o outro, não será mais que, afinal, – talvez? –, uma janela entre o mundo e os mistérios da mente de quem o habita.
         Por outro lado, tomando a ideia de quarto como motivo, a exposição “Que trata de coisas tocantes a esta história, e não a outra alguma”, segundo momento público do projecto QXT.PT, trata não de uma interpretação de Dom Quixote de La Mancha, mas, pelo contrário, formaliza uma certa modalidade intertextual de natureza interdisciplinar, apropriando-se por alusão de certos episódios do romance. Privilegiando a gravura, o desenho manual experimentado em dispositivo óptico ou gerado digitalmente e inscrito em suporte material, a fotografia, o vídeo, a animação digital, a instalação de carácter teatral enquanto expediente de projecção, e o portal para um espaço adimensional, porém sugerindo translacções e anacronismos dentro das linhas do romance, esta exposição toca as temáticas inspiradas pela noção de quarto nas aventuras de Dom Quixote e, em simultâneo, constitui-se mecanismo de contemplação e meditação sobre o fenómeno da imagem na cultura contemporânea, mais especificamente dos seus dispositivos de produção, circulação e arquivo, nos quais a janela desempenha função preponderante.
         Sobretudo, e não circunscrito ipsis letteris à interactividade com o dispositivo de realidade virtual ou com a plataforma on-line que organiza de modo constelar a exposição em formato digital, o envolvimento e integração do observador nesta exposição, e nas diversas facetas do projecto QXT.PT, é estimulado pela própria vivência do espaço expositivo. Sabotando a autoridade ritualística do museu, a tradição do Espaço POGO é a de um espaço vivo, de presença e permanência, um organismo aberto a exercícios de confrontos e encontros. Regressando ao romance de Dom Quixote, e ao carácter trágico porém mascarado por candura e ironia de um tal Ulísses fracassado, “Que trata de coisas tocantes a esta história, e não a outra alguma” procura também criar um espaço público de catharsis Aristotélica, como que titular de uma plasticidade autónoma que procura espoletar o pensamento de dentro para fora, esculpindo ideias.

Ricardo Escarduça


 Este é texto



         Caro espectador que seguras esta folha, que percorres com os olhos estas palavras e que exasperas por esta frase ser completamente inócua e desprovida de sentido, e por teres a certeza de que terminará num ponto final em qualquer momento sem te ter informado de nada relativamente a este espaço em que te encontras.
         Nem a segunda. Porém, à terceira é de vez e foi a conta que Deus fez, por isso, suspeito de que, se estás aqui, talvez tenhas vindo à primeira exposição, a que inaugurou o ciclo quixotesco no POGO — ou talvez tenhas sido caçado pelos soldados algorítmicos lançados inadvertidamente pelos teus amigos no Instagram. Pouco importa.
         Queria apenas mencionar que talvez te tenhas cruzado com outras exposições baseadas n’O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha. Depois da inauguração da nossa exposição, chamada QXT.PT, brotaram uma data delas por todas as galerias, espaços e espacinhos na cidade de Lisboa. Em todas, clamavam-se monstruosidades, como: «Para nós, Alonso Quixano confunde-se, por meio de uma redução operacional, pragmático-administrativa, com o assédio moral e, a espaços, sobrenatural, das grandes necessidades orgânicas, e constrói um delírio que deixa irromper o Cavaleiro da Triste Figura, D. Quixote de la Mancha», ou «Na nossa visão da arte contemporânea, consideramos que é no espaço expositivo-cénico que se materializa e se desenvolve a tripartição estrutural dos registos do real, do simbólico e do imaginário, e que é a intervenção do artista, elo entre o eu e o nós, ponto de encontro entre as forças antagónicas trazidas para o proscénio da comunhão, revelador por fim do sofrimento que é em si mesmo um gozo. A experiência mais bruta da intimidade tornada comum». Para aplacar o tédio, decidi visitá-las — em todas, cada obra exposta, sem excepção, ostentava a mesma legenda: «Este é Quixote.»
         Não é papel do POGO fazer crítica de arte ou julgar as actividades de outras associações culturais. No entanto, dada a profusão de exposições que se sucederam à nossa, não poderíamos arriscar que o nosso nome fosse confundido com alguma delas. Deste modo, na reunião de dia 12 de Dezembro de 2021, decidiu-se, por unanimidade, que o POGO prosseguiria com o Quixote o mais rapidamente possível. (Não foi inteiramente unânime, pois, momentos antes da decisão, o Tiago Baptista, sentado numa cadeira de praia, declamava Schopenhauer e, como ninguém lhe ligava nenhuma, foi-se embora irritado e a vociferar insultos. Só uns dias mais tarde disse estar de acordo. Mas obrigou-nos a ouvir Schopenhauer.)
         Quatro reuniões mais tarde, ficou decidido que o espaço seria subordinado à ideia de quarto, do quarto de Quixote. Alvitrou-se inclusivamente a hipótese de que o próprio Cervantes teria sido inventado por Quixote. (Tivemos de abandonar esta possibilidade, uma vez que chocaria com um dos critérios essenciais da DGArtes, nossa patrona, que diz «[que] os beneficiários devem observar a correcção histórica e factual».) Tal possibilidade pode soar despropositada, mas, na verdade, quem eternizou Cervantes senão Quixote? A ideia do quarto de Quixote remete-nos imediatamente para o que fora o local da centelha que redundou na criação da personagem D. Quixote de la Mancha. De acordo com o livro, Alonso Quixano, nos seus aposentos, terá queimado as pestanas de tanto ler romances de cavalaria, e, nesse processo, acabou por substituir a realidade pela imaginação da cavalaria andante, rebaptizando-se D. Quixote de la Mancha e dando assim fama eterna a si próprio e a Cervantes.
         Harold Bloom apontou que a loucura de D. Quixote pode ser lida como uma abdicação do que Freud cunhou «princípio da realidade», uma luta heróica, mas inglória, contra a finitude, porquanto viver segundo o princípio freudiano é aceitar a nossa morte, o nosso fim. Ora, seguindo o exemplo do Cavaleiro da Triste Figura, o quarto surge como um dos sítios privilegiados para o desenvolvimento de estratégias de sobrevivência, tácticas de multiplicação e eternização do eu, é donde se pode partir para se tornar infinito, por via da imaginação. Em fechando a porta do quarto, fechamos a porta à realidade. É sintomático disso que Alonso Quixano morra pouco depois de abandonar a personagem de Quixote.
         Atentando na exposição, verificamos que todas as peças poderiam fazer parte e/ou ser produzidas em qualquer um dos nossos quartos, da a mala de ilustrações, passando pelas gravuras, o dispositivo de realidade virtual, as fotografias, o sofá, a tela, a secretária, as pinturas/pósteres, o livro, até ao teatro de sombras. Mais, além da exposição física, de hoje em diante, estará disponível online a plataforma qxt.pt (que pode ser explorada também na exposição), na qual todos os conteúdos expositivos estarão disponíveis e que será alimentada com relativa frequência no futuro. A sua exploração não se alicerça em meios convencionais, mas é programada por um algoritmo que emula o pensamento associativo. Deste modo, e certamente como Quixote deseja para todos nós, podemos ir fintando a nossa morte, a nossa finitude, embrenhando-nos nas profundezas da ficção.

Ricardo Batalheiro




FASE I

Texto em que se lerá o que nele foi escrito



         A presente exposição tem por musa uma das obras mais importantes da história da literatura: O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes. Romance de cavalaria dos romances de cavalaria, há exegetas que o consideram o livro que funda o romance moderno. Outros têm dificuldade em perceber o fascínio que um número ínfimo de pessoas, ainda assim incómodo, demonstra ter por ele. Uns vêem-no como uma crítica ao romance de cavalaria; outros, uma tentativa falhada de um romance de cavalaria. Falei com duas pessoas que o leram, e uma achou-o uma pândega monumental e maravilhosa, a outra não passou da página 74, classificando o estilo de pastoso e aborrecido. A miríade de interpretações que o livro tem suscitado, todas válidas, todas verdadeiras à sua maneira, o pandemónio crítico causado por Cervantes, é um sinal das transformações que estavam a ocorrer no mundo e que se iriam consolidar durante o século XVII. A profusão de referências a outras obras de cavalaria, bem como auto-referências, fazem dele uma ilustração perfeita do barroco.
         De maneira simples e resumida, a história trata de um velho fidalgo chamado Alonso Quixano, que, por queimar as pestanas a ler romances de cavalaria, acabou por substituir a realidade pela imaginação da cavalaria andante. Renomeou-se D. Quixote, baptizou o seu cavalo de Rocinante e partiu com o seu escudeiro Sancho Pança e o seu jumento, em busca de aventuras e da imortalidade, como se de um verdadeiro cavaleiro andante se tratasse.
         Para a parte que nos interessa, há alguns episódios e certas personagens a ter em conta. Primeira de todas, título de romance de cavalaria e protagonista: Amadis de Gaula. Este é o protótipo dos cavaleiros andantes e, antes de D. Quixote, o romance de cavalaria mais famoso da Península Ibérica. No início do livro de Cervantes, depois do prólogo, aparecem vários poemas dedicados a Amadis. O primeiro é um elogio a Urganda, donzela que protege Amadis de Gaula; e o segundo, um poema de Amadis elogiando D. Quixote.
         Um dos episódios mais conhecidos do livro, e matéria para esta exposição, é aquele em que D. Quixote decide cumprir penitência na serra Morena (imitando o seu herói Amadis, que cumpriu penitência na Penha Pobre, porque a sua amada o desprezava), mas, antes de o fazer, escreve uma carta à sua donzela, Dulcineia do Toboso, encarregando o seu escudeiro Sancho Pança de lha levar. Sobre a dificuldade de se transmitir uma mensagem, sugiro a leitura dos capítulos XXIII ao XVII da Terceira Parte do Primeiro Livro.
         A propósito de Sancho Pança, é mister mencionar um episódio que acontece muito mais à frente na obra: o do Cravilenho, um cavalo de madeira cujas propriedades mágicas lhe permitem voar. Para gáudio de um casal de nobres, D. Quixote e Sancho Pança são convencidos a montar, com os olhos vendados, Cravilenho, pois essa era a única forma de quebrarem um feitiço terrível lançado pelo gigante Mambruno às aias dos nobres (cujo efeito prático era o crescimento de volumosas barbas!). Depois do início da cavalgada estática, os nobres, por meio de uma parafernália técnica de fazer invejar o melhor dos teatros municipais, simulam ventos fortes, ar quente, fogo e frio, de sorte que D. Quixote e Sancho Pança, quando terminada a aventura, acreditassem que tinham realmente voado. A experiência é de tal modo real, que Sancho confessa ter visto toda a Terra e todos os homens, sendo que cada um era do tamanho de uma avelã e o planeta do tamanho de um grão de mostarda. Para quem tiver curiosidade: Segundo Livro, capítulos XXXVI a XLI.
         Em seguida, mencionamos o Diabo, personagem que aparece algumas vezes ao longo do romance, sem nunca aparecer, ou talvez aparecendo. Bem, seja disfarçado ou imaginado, o Diabo comparece. A primeira saída de D. Quixote não lhe corre de feição, pelo que rapidamente volta a casa depois de levar um tratamento de porrada. Enquanto convalesce, o cura e o barbeiro, amigos de Alonso Quixano, preocupados com a sua saúde mental, aproveitam para escrutinar a sua biblioteca, queimar uma grande parte dela e eliminar literalmente a divisão. Quando Quixano/D. Quixote, recuperado, se levanta, reage furioso ao não encontrar nem os livros nem a biblioteca. Para encobrir o cura e o barbeiro, a sua governanta afirma ter sido obra do Diabo. Acto contínuo, a sua sobrinha nega-o e afirma ter sido um fazedor de encantamentos que chegou um dia sentado numa nuvem, entrou na divisão, fez não se sabe bem o quê e foi-se embora a voar. Ora, isto tem o efeito contrário na mente de Quixano/D. Quixote, que afirma saber o nome desse fazedor de encantamentos.
         Os fazedores de encantamentos que pululam no livro são fundamentais para a descrição do próximo episódio, o do Cavaleiro do Bosque/Espelhos. Este não é quem aparenta, senão Sansão Carrasco, bacharel, amigo de Alonso Quixano/D. Quixote, que, juntamente com o cura da aldeia, chega à conclusão de que a melhor maneira para libertar Alonso Quixano da sua loucura é enfrentá- lo nos seus próprios termos, isto é, os da cavalaria andante. Por isso, disfarça-se de Cavaleiro do Bosque/Espelhos e enfrenta D. Quixote. Finge desconhecê-lo, vangloriando-se de ser o cavaleiro andante que mais cavaleiros andantes derrotou em toda a Espanha, além de ter vencido talvez o mais importante de todos, D. Quixote de la Mancha.
         [Pequeno aparte: o D. Quixote foi escrito em dois livros/duas partes e, entre elas, medeiam 10 anos, 1605 e 1615, respectivamente. Porém, em 1614, dá-se à estampa a segunda parte das aventuras de D. Quixote, escritas por Alonso Fernández de Avellaneda. No Segundo Livro da obra de Cervantes, este, por meio de D. Quixote, comenta e contesta essa versão ficcional. Além disso, muitas personagens do Segundo Livro reconhecem D. Quixote por terem lido o Primeiro, engenho barroco que reforça a natureza vertiginosa e auto-referencial da obra.]
         D. Quixote explica ao Cavaleiro do Bosque/Espelhos que quem ele enfrentou foi outro cavaleiro tornado em aparência igual a si pelos fazedores de encantamentos que abundam no mundo — um deles com especial prazer em denegrir a sua imagem. Após o confronto com o Cavaleiro do Bosque/Espelhos, D. Quixote sai vitorioso e, depois de retirar o elmo ao seu adversário, confrontado com o rosto de Sansão Carrasco, adverte outra vez Sancho Pança dos poderes dos feiticeiros que os tentam ludibriar. D. Quixote está sempre um passo à nossa frente, é impossível despistá-lo.
         É para este reino de indeterminação e constante mudança que vos convidamos, caros espectadores, e vos exortamos para que tenhais cuidado, pois, como diz o Cavaleiro da Triste Figura a Sancho Pança: « — Tudo é simulação e aparência — respondeu D. Quixote — dos magos perversos que me perseguem [...].»



Ricardo Batalheiro


As pancadas de Molière ou Molière às três pancadas?



         As pancadas surgiram em França, precisamente com Molière, e assim ficaram conhecidas. Davam a entender ao público que o espectáculo ia começar, preparando-o para a «viagem» que iria empreender. Como se se tratasse do apito do comboio ao aproximar-se a hora de embarcar. Em qxt já não se embarca ponto pt, tornando-se o público no próprio veículo, num lugar não-imaginado para que o público-mártir seja ele mesmo o D. Quixote a partir das pancadas de Moulinex, que aqui surgem enquanto pleonasmo para o teatro num mundo de não-teatros a fingir que fazem-de-conta, em que, e onde,se reescrevem as pancadas Cervantinas, embelezadas e intensificadas pelo algoritmo que nos levará ponto com até esse Quixote, espelho baço de nós mesmos através do Vídeo-louvado-seja-Deus-todo-poderoso-USB.
         Uma equipa, composta de actores, programadores, artistas, músicos, e outras coisas em retiro selvático, juntou-se para que fosse possível pôr e tirar a mascarilha ao mesmo tempo a um tempo-anónimo e cheio de (pouca) razão onde, e em que, só o teatro pode operar-se. Um teatro pós-operatório no qual a realidade já não é. E assim se fazem as histórias que já nasceram histórias, só faltava contá-las e «re».
         Dez minutos antes de começar a peça, ouvia-se o primeiro sinal; cinco minutos depois, o segundo; ao terceiro, as luzes eram apagadas de forma que se instalasse o silêncio no auditório. As pancadas eram tantas quantas as necessárias para o público acalmar os ânimos e dedicar-se ao espectáculo que estava prestes a acontecer. O objecto utilizado era um bastão ornamentado e apenas usado para esse efeito. Aqui, o bastão é só o tempo em que, em vários episódios se receberá e acolherá, até Janeiro de 2022, o espectáculo do público, cujos actores somos nós próprios, um D. Quixote prestes a vídeo-eternizar-se pelos confins do ciberespaço adentro. Querem mais?
As pancadas já não soam da mesma maneira, hoje, Deus é um dj, de cujo embaraço vamos ter de sair.
         Hoje em dia, as pancadas — no seu sentido mais literal — já não existem, mas o conceito ainda permanece. As luzes continuam a apagar-se, mas as pancadas deram lugar à publicidade ou à voz, cuja face não é visível, que informa que não é permitido filmar nem fotografar, e que sugere ao público que desligue os telemóveis.
Aqui é permitido filmar e fotografar na horizontalidade, porque aqui o teatro de operações é a realidade e a virtualidade em que nós mesmos estamos e somos inseridos. Ir lá para fora cá dentro nunca esteve tão perto deste moinho sentimental virtualizado. Aqui sim, os telemóveis são Quixotescos.
É preciso instalar novamente o silêncio no auditório mas... A brincar ponto pt.



Ruy Otero




INDEX

Intro

Pesquisa

CRÉDITOS

Sonhar o sonho impossível, Sofrer a angústia implacável, Pisar onde os bravos não ousam, Reparar o mal irreparável, Amar um amor casto à distância, Enfrentar o inimigo invencível, Tentar quando as forças se esvaem, Alcançar a estrela inatingível: Essa é a minha busca. Sonhar o sonho impossível, Sofrer a angústia implacável, Pisar onde os bravos não ousam, Reparar o mal irreparável, Amar um amor casto à distância, Enfrentar o inimigo invencível, Tentar quando as forças se esvaem, Alcançar a estrela inatingível: Essa é a minha busca.

Nunca pense que seu amor é impossível, nunca diga "eu não acredito no amor". A vida sempre nos surpreende. Nunca pense que seu amor é impossível, nunca diga "eu não acredito no amor". A vida sempre nos surpreende. Nunca pense que seu amor é impossível, nunca diga "eu não acredito no amor". A vida sempre nos surpreende.

À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimenção vivo À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimenção vivo À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimenção vivo

Pois que o amor e a afeição com facilidade cegam os olhos do entendimento. Pois que o amor e a afeição com facilidade cegam os olhos do entendimento. Pois que o amor e a afeição com facilidade cegam os olhos do entendimento. Pois que o amor e a afeição com facilidade cegam os olhos do entendimento.

O medo é que faz que não vejas, nem ouças porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são! O medo é que faz que não vejas, nem ouças porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são! O medo é que faz que não vejas, nem ouças porque um dos efeitos do medo é turvar os sentidos, e fazer que pareçam as coisas outras do que são!

Entre os pecados que os homens cometem, ainda que afirmam alguns que o maior de todos é a soberba, sustento eu que é a ingratidão, baseando-me no que se costuma dizer, que de mal agradecidos está o inferno cheio. Entre os pecados que os homens cometem, ainda que afirmam alguns que o maior de todos é a soberba, sustento eu que é a ingratidão, baseando-me no que se costuma dizer, que de mal agradecidos está o inferno cheio.

Natural condição de mulheres: desdenhar a quem lhes quer, e amar a quem as aborrece. Natural condição de mulheres: desdenhar a quem lhes quer, e amar a quem as aborrece. Natural condição de mulheres: desdenhar a quem lhes quer, e amar a quem as aborrece. Natural condição de mulheres: desdenhar a quem lhes quer, e amar a quem as aborrece. Natural condição de mulheres: desdenhar a quem lhes quer, e amar a quem as aborrece.

A valentia que se não baseia na prudência chama-se temeridade, e as façanhas do temerário mais se atribuem à boa fortuna que ao seu ânimo. A valentia que se não baseia na prudência chama-se temeridade, e as façanhas do temerário mais se atribuem à boa fortuna que ao seu ânimo. A valentia que se não baseia na prudência chama-se temeridade, e as façanhas do temerário mais se atribuem à boa fortuna que ao seu ânimo.

Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha. Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha. Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha. Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha.

Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos.

Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem. Só quem faz mais que outrem é que é mais que outrem.

Quando você realmente amar alguém e for recíproco, você vai ver como é bom amar. Pra amar não precisa namorar e blá-blá-blá, mas o namoro é a melhor forma de expressar o sentimento, quando você sentir suas pernas tremerem, sua barriga gelar, teu corpo ficar mole, aí sim você vai enteder a magia de amar. Quando você realmente amar alguém e for recíproco, você vai ver como é bom amar. Pra amar não precisa namorar e blá-blá-blá, mas o namoro é a melhor forma de expressar o sentimento, quando você sentir suas pernas tremerem, sua barriga gelar, teu corpo ficar mole, aí sim você vai enteder a magia de amar.

A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos, que aos homens deram os céus: não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra, nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela honra, se deve arriscar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode acudir aos homens. A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos, que aos homens deram os céus: não se lhe podem igualar os tesouros que há na terra, nem os que o mar encobre; pela liberdade, da mesma forma que pela honra, se deve arriscar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pode acudir aos homens.

⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças. ⁠As minhas desgraças só devem pra acrescentar outras desgraças.

Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala. Quando o coração trasborda, a língua fala.

Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe. Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe.

A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão. A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão.

Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera. Uma andorinha só não faz primavera.

favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote. favor corrigir dimensão nos pensamentos de dom quixote.

Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha. Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha. Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha. Eu nasci pela vontade especial do céu de restaurar a idade perdida da cavalaria. Eu sou Dom Quixote de La Mancha.

Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos. Nós nos tornamos naquilo a que nos apegamos.

Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos. Seu camponês maluco. Você acha que pode se esconder de mim? Teremos grandes aventuras juntos.

Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote. Agora ele realmente acredita que é Don Quixote.

O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha O meu repouso é a batalha